IA em 2024: muitos assistentes, geradores de vídeos e até plágio de voz

Quem acompanha o Tecnoblog sabe que a inteligência artificial é um dos assuntos mais quentes da tecnologia nos últimos anos. Não foi diferente em 2024: a IA passou a falar mais, criar vídeos e até fazer buscas na internet (mas nem sempre acertando). E para 2025, a expectativa é que a tecnologia vá além da geração de textos e imagens e passe a comandar aplicativos e aparelhos.

Por outro lado, nem tudo foi positivo: além dos já citados erros durante pesquisas na web, as empresas se viram envolvidas em questões de plágio, direitos autorais, privacidade e até mesmo “cópia” de voz.

Gemini se consolida e vira assistente no Android

No comecinho de 2024, o Google mudou o nome de seu chatbot de IA: sai o Bard, entra o Gemini. Com a nova marca, veio a consolidação da ferramenta no ecossistema do Google e, principalmente, do Android.

Aos poucos, o Gemini vai substituindo o Google Assistente e ganhando recursos para controlar smartphones. A ferramenta de IA já é capaz de se conectar a outros serviços da empresa (como Keep, Tasks e YouTube Music) e a recursos do Android (como alarme, lanterna e Wi-Fi) de forma mais fluida e menos robótica que seu antecessor.

Meta AI faz sua estreia no WhatsApp e no Instagram

O ano de 2024 também fica marcado pela entrada da Meta no campo da inteligência artificial generativa. A Meta AI está presente nos principais apps da companhia: WhatsApp, Instagram, Facebook e Messenger. Nem todo mundo gostou, mas a empresa adverte: é melhor não fazer nenhuma gambiarra.

No Brasil, a Meta AI demorou um pouco mais para fazer sua estreia. A Agência Nacional de Proteção de Dados (ANPD) suspendeu as atividades da IA generativa da empresa por preocupações de privacidade, o que acabou atrasando o lançamento.

Busca com IA nem sempre dá certo

Desde que o ChatGPT surgiu, especula-se que chatbots com IA poderão substituir os tradicionais mecanismos de busca na web. Por isso, o Google se mexeu e liberou as AI Overviews, que são resumos de informações gerados automaticamente com base nas páginas encontradas.

Só que nem sempre isso dá certo, e uma dessas respostas esquisitas viralizou. Após uma pergunta sobre como grudar melhor o queijo na pizza, o Google sugeriu passar cola. A recomendação esquisita aconteceu porque o buscador levou ao pé da letra uma piada feita no Reddit há alguns anos.

ChatGPT estreia buscador próprio

A perspectiva de usar a inteligência artificial para buscas na internet ficou mais clara não só porque o Google abraçou a tecnologia, mas também por causa dos investimentos da própria OpenAI.

Em julho, a companhia revelou os primeiros detalhes do SearchGPT, o chatbot capaz de fazer pesquisas na web para complementar sua própria base de dados. A ferramenta foi liberada de fato em novembro com a promessa de entregar textos mais coesos e informações mais corretas (ou menos alucinadas).

e em dezembro, a ferramenta foi liberada para todos os usuários do ChatGPT. Com ela, o chatbot pode fazer pesquisas na web para complementar sua própria base de dados. A promessa é entregar textos coesos com informações mais corretas.

Voz do ChatGPT causa “climão” com atriz

Um dos principais lançamentos da OpenAI em 2024 foi um modo de fala para o ChatGPT, capaz de responder de modo natural e entender quando está sendo interrompida. A ferramenta tem até mesmo diferentes opções de voz — e uma delas gerou constrangimento.

Algumas pessoas notaram que a voz Sky era parecida com a da atriz Scarlett Johannsson — curiosamente, ela fez o papel de uma assistente virtual no filme Her, de 2013. Johansson revelou ter sido procurada por Sam Altman, CEO da OpenAI, para emprestar sua voz ao app, mas recusou a oferta. A empresa removeu a opção Sky após pedido da atriz.

Sora, Firefly e as IAs de vídeo

Depois da geração de textos e imagens estáticas, chegou a vez de a IA produzir vídeos. Logo em fevereiro, a OpenAI anunciou a Sora, seu modelo capaz de criar peças de até um minuto de duração. A ferramenta demorou para chegar ao público, sendo lançada apenas em dezembro e limitada a assinantes de planos pagos do ChatGPT.

Outra empresa que lançou produtos de IA para vídeo foi a Adobe. Em outubro, ela liberou o Firefly Video Model, capaz de estender vídeos existentes e fazer pequenas alterações.

Inteligência precisa de conteúdo

No finzinho de 2023, o jornal americano The New York Times processou a OpenAI e a Microsoft por usarem seus artigos para treinar seus modelos.

Quem também se meteu em altas confusões foi a Perplexity AI. Forbes e Wired acusaram a desenvolvedora do chatbot de plagiar reportagens e não respeitar a sinalização contra o acesso de robôs.

Para evitar problemas deste tipo, as empresas se mexeram para garantir que a IA tenha conteúdo. A própria OpenAI, por exemplo, assinou contratos com a Associated Press e o Financial Times, entre outras publicações, para ter acesso legal ao conteúdo produzido.

Os contratos vão além de revistas e jornais: a OpenAI e o Google fecharam acordos com o Reddit, que se tornou o “queridinho” de muitos usuários na hora de encontrar opiniões reais e sinceras na internet.

Nvidia bate recordes graças à alta demanda

As tarefas de treinamento e execução dos modelos de IA exigem grande poder de processamento. Com milhões de pessoas usando ChatGPT, Gemini e outras ferramentas todos os dias, uma quantidade enorme de chips é necessária para dar conta de todas as demandas.

Quem gostou disso foi a Nvidia. Principal fabricante de GPUs para IA do mercado, ela chegou a ser a maior empresa do mundo em valor de mercado por alguns meses, atingindo os US$ 3,332 trilhões em junho.

Samsung e Apple colocam IA em seus aparelhos

Após um 2023 em que muitas ferramentas com IA apareceram na internet ou na forma de apps independentes, em 2024, vimos fabricantes criarem suas próprias soluções.

Em janeiro, a Samsung lançou sua linha Galaxy S24, que trouxe também a Galaxy AI. As ferramentas de IA da marca são capazes de remover objetos de fotos e fazer traduções em tempo real. Em julho, 100 milhões de aparelhos da empresa sul-coreana já tinham acesso à IA.

Já a Apple apresentou sua Apple Intelligence em junho, na WWDC, tendo a Siri “turbinada” com ChatGPT como um de seus destaques, bem como gerar imagens e resumir notificações. Os recursos, porém, estão chegando lentamente aos aparelhos da maçã. Além disso, eles só estarão disponíveis em português em 2025.

Microsoft coloca IA em quase tudo

Poucas empresas mergulharam de cabeça na inteligência artificial como fez a Microsoft. Uma das principais investidoras da OpenAI, a desenvolvedora do Windows criou ferramentas para praticamente todos os apps do sistema — até o Bloco de Notas e o Paint foram contemplados.

A empresa também criou a iniciativa Copilot+ PC, certificando computadores que atendem requisitos para rodar tarefas de inteligência artificial. O assistente Copilot, por sua vez, passou por um redesign e ganhou novos recursos, como melhorias na capacidade de raciocínio.

Nem tudo correu como o esperado, porém: o Recall, ferramenta que prometia ajudar o usuário a lembrar de informações vistas ou tarefas realizadas no Windows, sofreu com críticas relacionadas à segurança e à privacidade. Como consequência, a Microsoft precisou adiar o lançamento diversas vezes.

Agentes de IA são o futuro?

O fim de 2024 apontou um novo caminho para a IA: diversas empresas mencionaram em seus lançamentos o termo “agentic AI”. Google e Microsoft são alguns exemplos.

Em tradução livre, isso significa algo como “IA agêntica”, mas o melhor jeito de explicar é dizer que estes novos modelos terão uma capacidade maior de realizar tarefas pelo usuário, indo além de apenas gerar textos ou imagens.

Brasil discute regulação da tecnologia

Com a IA cada vez mais presente no noticiário, nos aplicativos e nos produtos, governos em todo o mundo passaram a ter mais atenção com o assunto. No Brasil, uma regulamentação para a tecnologia era discutida no Congresso Nacional desde 2019, antes mesmo do “boom” pós-ChatGPT.

Em dezembro de 2024, o Senado Federal aprovou um marco legal para a inteligência artificial. O texto define, entre outros pontos, que as empresas deverão informar quais conteúdos protegidos por direitos autorais estão sendo usado no treinamento dos modelos. Os autores poderão vetar o uso de suas obras.

O marco também visa assegurar direitos à explicação e à revisão humana quando uma decisão tomada por IA tiver impacto jurídico relevante. Além disso, fica proibido o uso de IA para prever realização de crimes ou classificar indivíduos de acordo com seu comportamento.

O texto segue para a Câmara dos Deputados, onde será discutido e votado novamente.

IA em 2024: muitos assistentes, geradores de vídeos e até plágio de voz

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